Thursday, May 7, 2015

O DIA EM QUE OS NAZISTAS DEPREDARAM
O PRIMEIRO INSTITUTO GAY DO MUNDO


EM 6 de maio, a Religião de Antínoo relembra a queima de livros e a invasão do primeiro instituto científico gay do mundo – um prenúncio do Holocausto Gay.

Nesse dia, em 1933, os nazistas invadiram e fecharam o Instituto de Ciência Sexual, fundado pelo Dr. Magnus Hirschfeld em Berlim, em 1919.

Fundado em colaboração com o Comitê Humanitário Científico para a pesquisa da sexologia humana, o instituto tinha como principal objetivo derrubar o “Parágrafo 175”, que era a lei alemã que tornava ilegais os atos homossexuais.

O trabalho do instituto era um reflexo da ampla liberdade que os gays gozavam na Alemanha depois da I Guerra Mundial. E foi escolhido a dedo por Adolf Hitler como um exemplo das "degeneradas depravações da República de Weimar", que o Führer jurara erradicar.

Semana que vem, dia 14 de maio, a Religião de Antínoo celebra o próprio São Magnus Hirschfeld, Santo de Antínoo. 

Conhecido como o Pai da Liberação Gay, ele morreu em 14 de maio de 1935, exilado em Nice, na França, amargurado e sozinho.

Ele morreu no seu aniversário de 63 anos. Uma vida que começou com tão altas ambições e terminou em desilusão. De família judia, Magnus começou sua carreira como médico, mas bem cedo devotou sua vida ao estudo da homossexualidade.

Em 1897 ele fundou o Comitê humanitário Científico, que era uma organização cujas publicação, chamado Anuário de Tipos Sexuais Intermediários, era devotado a contrapor o “Parágrafo 175”, uma lei aprovada pelo Reichstag em 1869.

O trabalho do comitê incluía intensa pressão política apoiada pelos estudos científicos do Dr. Hirschfeld no campo da sexualidade humana. Esses estudos culminaram na formação do Instituto de Ciência Sexual em 1919.

Dr. Hirschfeld passou a maior parte de sua carreira escrevendo e dando palestras ao redor do mundo sobre a natureza da homossexualidade e outros tipos “intermediários”, como os cross dressers.

A palavra “transexual” foi criada por ele para descrever o fenômeno que, ele dizia, era uma extensão natural da sexualidade humana.

Sua filosofia centrava-se na ideia de que havia um terceiro sexo, chamado Uraniano, que não era nem masculino, nem feminino, mas uma combinação de ambos, e manifestava-se na homossexualidade, que não era pra ser considerado um desvio impuro, ou mesmo uma doença, mas um componente natural da natureza humana.

Por causa do seu trabalho, os nazistas escolheram Dr. Hirschfeld como um exemplo da decadente influência judaico-bolchevique infectando a pureza do Povo Alemão, seduzindo a raça Ariana à perversidade impura e destrutiva. Ele foi, por fim, exilado e marcado como ícone do mal.

Seu instituto foi depredado no dia 6 de maio e seus livros foram publicamente queimados numa fogueira em 10 de maio de 1933.

A linda réplica de um alto relevo de Antínoo foi arrancado da parede e estilhaçada.

Ironicamente, membros homossexuais da tropa de assalto do Partido Nazista, criada por Ernst Röhm (mostrados na foto) foram os que jogaram esses livros no fogo em 1933 – e eles mesmos foram perseguidos e mortos quando Hitler expurgou e assassinou vários membros do Partido Nazista, principalmente membros da tropa de Röhm, durante a “Noite das Facas Longas” em junho de 1934.

A invasão ao Instituto de Ciências Sexuais foi o primeiro passo da perseguição aos homossexuais, que foram depois sentenciados a trabalhos forçados nos campos de concentração, a crueldade maior dos nazistas – e que geralmente resultava em morte.


O símbolo do Triângulo Rosa, a forma homossexual da estrela amarela dos judeus, nasceu com a queda desse instituto tão progressista. É um símbolo da nossa repressão, assim como a bandeira arco-íris é um símbolo da nossa liberdade. A invasão do instituto foi o início da idade das trevas que duraram até a rebelião de Stonewall em 1969."

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